Discursos em solenidades
Discurso de Blanchard Girão
Caros parentes e amigos,
Este encontro, em princípio, se destinaria apenas ao lançamento da primeira parte da obra concebida por Guilherme Girão de Oliveira para retomar o trabalho antes produzido por Raimundo Girão sobe a árvore genealógica da família Girão. Restringia-se a plaqueta inicial ao núcleo formado pela descendência de Guilherme Regino de Oliveira e Felícia Carneiro de Souza Girão. Não alimentava propósitos de maiores proporções. Seria uma festa de um grupo relativamente pequeno dos Girões, meticulosamente catalogados e perfilados por Guilherme Girão, o coordenador deste evento.
Magistrado, Guilherme tratou de convidar alguns de seus ilustres colegas, dentre os quais o Doutor Suenom Mota, Juiz de Direito na Capital e que em breve deverá alcançar o ápice da carreira, chegando ao Tribunal de Justiça. E foi Suenom quem constatou a invulgar presença de Girões ou seus afins na composição da magistratura cearense e também como serventuários da Justiça. Daí porque, por sugestão sua, o encontro teria, além da finalidade do lançamento do livro, o objetivo de homenagear a quantos membros do nosso segmento familiar se vincularam no passado, ou estão hoje vinculados, às lides judiciárias. Por esse motivo decidiu-se dar maior dimensão a esta festa de congraçamento, convidando-se o maior número possível de parentes e amigos para reverenciar as figuras de nossos familiares ligados à atividade judicante. A reunião tomou, assim, essa magnitude, feliz e esplendida oportunidade para mais uma vez se promover um maior estreitamento da Família Girão, reunindo representantes das gerações mais antigas e das atuais.
Devemos ressaltar, portanto, que coube ao Doutor Suenom Mota a iniciativa desse dimensionamento, em razão do que os Girões se agregam nesta noite neste Clube dos Magistrados, cuja sede nos foi gentilmente cedida por sua Diretoria.
E é neste espaço social dos magistrados que assumo o compromisso de dizer algumas palavras sobre um punhado deles que, ontem e ainda agora, elevaram e elevam o nome da família Girão no exercício da nobre, complexa e honrosa função de distribuir Justiça pelos caminhos do Direito.
Estamos, portanto, no lugar certo para este congraçamento, uma das poucas oportunidades que o ritmo atribulado da vida atual nos concede. Vamos, pois, aproveitá-la da melhor forma, começando por homenagear as figuras que tanto dignificaram, e continuam dignificando, o nosso vasto núcleo familiar.
Louvemos, antes de mais nada, a iniciativa do Dr. Guilherme Girão de Oliveira, que se lança à ingente tarefa, antes cuidada pelo saudoso Raimundo Girão, de manter atualizada a nossa árvore genealógica. Por conta dessa idéia, posta em prática com sucesso, através da publicação da plaqueta inaugural de uma série dedicada à Família Girão, aqui nos encontramos, neste momento, para uma comunhão de sentimentos e afetos que cada vez mais nos irmanam pela força do sangue comum.
Generoso, Guilherme Girão de Oliveira, ele próprio um dos ilustres integrantes do numeroso quadro de juízes e serventuários da Justiça pertencentes ao mesmo clã dos Girões, resolveu devotar a principal homenagem desta festa à memória daqueles que, hoje saudade, permanecem vivos pelas lições de moral, de civismo e de grandeza d’alma que nos legaram.
Desfilam, na retina de nossas relembranças, as figuras queridas de José Eduardo Girão, o Dr. Zé Girão, magistrado íntegro e culto; do seu filho Fábio Dória Girão, também juiz, que como o pai, ilustrou a judicatura cearense; Raul de Sousa Girão e seu irmão Celso Luis de Sousa Girão, filhos do inolvidável Luiz Carneiro de Sousa Girão – o grande Sousa – ícone da estrutura judiciária do Ceará, que pontificou por largo período no Fórum de Fortaleza, como titular do 1º Cartório do Crime e do Júri. Tio Sousa, depositário de formidável cabedal de conhecimentos processuais, foi o mestre sem diploma de gerações de advogados que o procuravam para dissipar dúvidas em sua prática forense. Sousa Girão, com indubitável certeza, fez-se o exemplo no qual se miraram tantos outros membros da família no encaminhamento para as lides judiciais. Dentre estes, devo recordar o meu próprio pai, José Augusto Ribeiro, casado com uma sobrinha de Sousa, minha adorável e inesquecível mãe, Maria Luiza Girão, a Luluzinha tão amada por quantos privaram de sua proximidade. Papai, vizinho de Sousa por vários anos, na Avenida João Pessoa, hauria todas as noites os conselhos e a experiência do tio de sua mulher, a quem admirava profundamente.
Prosseguindo o desfile, relembro outro José Augusto, o Carneiro, homem sereno, de paz constante com a vida, humor elevado, do qual guardo a imagem sempre risonha, sorvendo um cafezinho no velho Abrigo Central da Praça do Ferreira, ao lado de meu pai, contemporâneos no mister judicante. José Augusto Carneiro transmitiu geneticamente a vocação jurídica ao filho, José Cláudio Nogueira Carneiro, hoje no topo da magistratura cearense, como Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Os perigos das omissões nos rondam em ocasiões como esta. Cuidarei assim de invocar sem mais delongas outros nomes de familiares nossos que compõem, com projeção, a estrutura jurisdicional do Ceará. Cito, por exemplo, o nosso Carneirinho, Dr. José Carneiro Girão, digna expressão da nossa magistratura, que por muitos anos ocupou com segurança a difícil Vara de Menores da capital cearense. Registro mais os nomes de Wilton Machado Carneiro, ocupante de uma das Varas do Fórum de Fortaleza, por diversas vezes convocado para ocupar eventualmente o quadro do Tribunal de Justiça, ao qual, com grandes probabilidades, deverá ascender; o já antes mencionado Guilherme Girão de Oliveira, o nosso querido Gegê, juiz aposentado após brilhante carreira; o Dr. Jorge Luiz Girão Barreto, proeminente membro da Justiça Federal ora servindo em Fortaleza; a Dra. Maria José Girão, juíza titular de uma Vara Trabalhista de nossa Capital e, dentre os serventuários, seria imperdoável esquecer o nome de Luis de Sousa Girão, herdeiro, física, moral e intelectualmente do seu pai, o grande Sousa Girão. Luisinho – um das dezenas de luizes que existem em nossa família – conquistou posição de maior destaque em nosso agrupamento sanguíneo, mercê do entusiasmo com que procura manter sempre viva a integração do maior número possível de seus integrantes, promovendo, para tanto, várias convenções da Família Girão, todas com extraordinário comparecimento. Outras citações devem ser feitas entre os Girões que contribuíram para o melhor funcionamento do aparelho judiciário do Ceará, a exemplo das saudosas Regina Girão Bezerra, Maria do Carmo Girão Pinto, a Babá e Maria Celina Girão Serra e das queridas Maria Ironi Girão Barros e Olga de Oliveira Campelo, escrivãs atualmente aposentadas.
Não poderia deixar de mencionar, com imensa saudade, os nomes de Geraldo de Sousa Girão, também filho de Sousa Girão; Ananias Frota de Vasconcelos, casado com Aline Girão Frota, e seus filhos José William e José Girão Frota, primos muito estimados que militaram com proficiência por longos anos no Fórum de Fortaleza.
Em resumo, são estas algumas das personalidades que me senti no dever de enumerar neste momento de cordialidade e aproximação, instante de muita felicidade para todos nós. Temos de agradecer, no ensejo, a gentileza do eminente desembargador José Maria de Melo, presidente da Associação Cearense de Magistrados e valoroso amigo de nossa família, que tão prestimosamente nos cedeu o espaço deste Clube para esta festa. Com o nosso muito obrigado, em nome de toda a família Girão, encerro com uma palavra de força: unamo-nos sempre. a) Blanchard Girão – Fortaleza, 29 de outubro de 2004.
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